NA VIDA E NO TRÂNSITO, O QUE TEMOS ENSINADO ÀS NOSSAS CRIANÇAS E JOVENS?

sexta-feira, 16 de maio de 2008 Karine Winter


De acordo com Fernando Pedrosa, Jornalista, Publicitário e Especialista em Prevenção no Trânsito – “A nossa educação está carente de princípios e valores morais e éticos bem definidos. É na primeira infância que a criança forma os conceitos do bem e do mal, do certo e do errado. Quando os pais não deixam essas questões claras para os filhos, a formação desses conceitos fica prejudicada.

Na estrada com a família, por exemplo, quando ultrapassamos outro veículo numa curva sob faixa contínua ou dirigimos em velocidade sempre superior à permitida estaremos passando de uma maneira muito forte e clara para nossos filhos que estão ainda em processo de formação de caráter, que mentir e enganar são valores que praticamos sem constrangimento. Nós definimos nossos valores mais pelos nossos atos e exemplos do que pelas nossas palavras e sugestões. Esses comportamentos inadequados, aprendidos na infância, vão tomando dimensões maiores na adolescência, vão se enriquecendo com a força do grupo e terminam nesse “show de agressões” a que hoje assistimos estarrecidos em nossa sociedade.


Uma boa engenharia de trânsito é muito importante. Sinalização adequada e pistas seguras também. No entanto, não há nada que impeça acidentes, quando o motorista transgride as leis e sai conduzindo seu veículo de forma alucinada, utilizando as vias públicas como pista de teste e desrespeitando as mais elementares normas de segurança e de respeito ao próximo. Além desse comportamento condenável e até criminoso, falta ainda, ao motorista brasileiro, a prática cotidiana da cooperação e da gentileza que, no trânsito, resolveriam questões de relacionamento que a melhor engenharia teria dificuldade em resolver.”


A correria do dia a dia, a pressa e a falta de tempo são apenas alguns dos fatores que costumeiramente são citados para justificar a intolerância e a falta de educação no trânsito. O tal do “jeitinho brasileiro”, é outro que sempre aparece como desculpa na maioria do vocabulário de condutores e de pedestres. Não é raro ouvir coisas do tipo: “ - Eu sei que não podia, mas só estacionei naquele local, por cinco minutinhos.” As pessoas falam como se fosse possível justificar um ato incorreto e uma infração como uma parada em local proibido, por exemplo, porque foi por pouco tempo. Seria mais ou menos como tentar justificar algo do tipo: “ - Só matei o fulano, um pouquinho”. Resumindo: não há justificativa para certos comportamentos, principalmente quando são cometidos de forma consciente, sabendo de seus riscos e de suas conseqüências. Será que estamos ensinando integridade, boa conduta, princípios e valores às nossas crianças e jovens quando agimos desta forma? 


Qual é a nossa parcela de culpa enquanto família, neste processo de falta de educação que vivenciamos diariamente também no trânsito? A família costuma dizer que a culpa é da escola, a escola rebate a responsabilidade para a família. Outros culpam os Centros de Formação de Condutores (as antigas auto-escolas) e nesse jogo de empurra-empurra, ninguém assume sua parcela. Uma coisa é certa: a primeira instituição responsável pela educação de uma criança é a sua família. E, se neste grupo, ela não encontrar exemplos de boa conduta, de bom caráter e de atitudes corretas, com toda certeza não podemos esperar que ela se transforme num adulto decente . PENSE NISSO!




Autoria de: Karine Winter