VOCÊ DIRIGE COMO VIVE

sexta-feira, 2 de maio de 2008 Karine Winter



De acordo com a psicologia de trânsito, comprovou-se através de pesquisas e estudos que nós dirigimos exatamente como vivemos. Antigamente, tinha-se a visão de que ao entrarmos no carro nos transformávamos, ou seja, o cidadão comum deixava de ser o homem que em seu dia-a-dia vivia sem grandes dificuldades em conduzir a sua própria vida de uma forma tranqüila, para se transformar num monstro, ao estar no interior de seu veículo e circulando no trânsito, da forma como é apresentado no filme da Walt Disney, onde o Pateta protagoniza a história intitulada Motor Mania. Sabemos que para os padrões de comportamento do povo europeu e do povo brasileiro essa versão da transformação do homem no trânsito não é muito freqüente. Claro que existem exceções. 


Em algumas situações, determinados fatores, principalmente os externos e os emocionais, podem fazer com que algumas pessoas realmente tenham comportamentos atípicos e bastante diferentes do que costumam ter em seu dia-a-dia, no trânsito. Mas isto é exceção. Neuza Corassa, psicóloga, membro da Associação Brasileira de Psicoterapia e Medicina Comportamental e estudiosa na área da psicologia de trânsito afirma em seu livro “Seu Carro: Sua Casa Sobre Rodas. Que Tipo de Motorista você é?” da Editora Juruá - que há uma porção de fatores que influem no nosso dirigir e podem alterar um pouco nossas características, assim como determinados eventos do dia-a-dia podem alterar nosso humor, apesar da tendência que temos de nos comportar conforme nossa índole... Por isso, é importante percebermos como somos.
Neuza cita em seu livro também, os cinco tipos de motoristas e a forma como cada um se comporta no trânsito. Farei um breve resumo de cada um deles, para que você possa entender o por que da afirmação de que: dirigimos como vivemos.



1- Os Donos do Mundo – São briguentos, agitados, reclamões, consideram-se ótimos ao volante e têm dificuldade em admitir os próprios erros. Para eles, a culpa é sempre do outro, o problema é sempre do outro. Eles dirigem agressivamente e têm pouca ou nenhuma consideração por quem está a sua volta. Uma das manifestações típicas do motorista desse tipo, quando está impaciente, é acelerar o carro com o sinal fechado e mal o sinal fica verde, avançam ruidosamente sobre os pedestres que terminam de atravessar a rua correndo e desesperados.



2- Os de Comportamento Mascarado - São aquelas pessoas que parecem adequadas no trabalho ou na família. Mas, em certas situações, mudam de atitude repentinamente. Quando vivenciam alguma situação de risco ou um acidente, por exemplo, fixam-se na idéia de que o outro quis afrontá-lo, prejudica-lo intencionalmente. Pessoas com esse perfil, costumam agir dessa forma ao volante, para compensar uma insegurança ou um sentimento de inferioridade. Têm dificuldade em se posicionar por si mesmas e então necessitam parecer fortes através de algo, neste caso, o carro. Buscam no carro o poder e a auto-afirmação.



3- Os Cautelosos – São pessoas que têm um comportamento harmonioso, bem centrado e consideram o espaço do outro da mesma maneira que consideram o seu. Essa atitude de respeito às normas de convivência na vida, levam para o trânsito. Geralmente são pessoas generosas, amorosas e conciliadoras. A maioria das pessoas interpreta esse tipo de comportamento como burrice. Muito pelo contrário, é uma prova de inteligência, civilidade e senso de cidadania. O comportamento do motorista cauteloso deveria ser o de todos nós quando estamos ao volante.



4- Os Ansiosos – os ansiosos ou fóbicos fazem parte do grupo de motoristas que têm excesso de cautela, têm medo de dirigir. São pessoas extremamente capazes em suas profissões, são responsáveis, humanas, mas não gostam de lidar com a crítica. Apresentam alto grau de exigência, consigo e com os outros. Os ansiosos costumam ser ótimas pessoas e quando superam seu medo, tornam-se excelentes motoristas.



5- Os Perigosos Por Natureza – são pessoas com transtornos de personalidade (também conhecidos como distúrbios de caráter). Alguns estudiosos defendem que elas não deveriam ter direito à carteira de habilitação, mesmo tendo acompanhamento psicológico e psiquiátrico, porque podem ter sua capacidade de percepção e de julgamento alterados e podendo sofrer um surto no trânsito a qualquer momento. Alguns psiquiatras defendem que esse tipo de transtorno seja incluído na Classificação Internacional das Doenças.


Vale lembrar que quando dirigimos um carro, nunca sabemos com quem estaremos cruzando. Podemos acabar acionando uma bomba-relógio. Por isso, se você provocar ou for envolvido em um acidente, mantenha-se calmo e evite o confronto. PENSE NISSO!


Autoria de: Karine Winter