ANALOGIA ENTRE O DESLOCAMENTO HUMANO E DOS ANIMAIS

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009 Karine Winter


A temática trânsito remete a sensação de movimento, de deslocamento, de ação, etc... Nesse sentido, é interessante observar que tais atitudes representam “comportamentos” dos atores que influenciam e são influenciados pelo meio ambiente no qual estão inseridos. Os animais aquáticos, de um modo geral, apresentam características de comportamentos similares, ou seja, um cardume, por exemplo, se movimenta de forma harmônica e com extrema sutileza, não entram em conflito os movimentos individuais com o movimento coletivo dos peixes. Assim como os animais aquáticos, os terrestres e os que utilizam o espaço aéreo possuem o mesmo padrão de comportamento. Seus deslocamentos se dão de forma tranqüila. Não há a necessidade de um orientador de tráfego (agente de trânsito) nestes meios de deslocamentos (aquático, aéreo e terrestre). Cada ser possui um mecanismo no qual é respeitada a distância frontal e lateral que os impede de colidir entre si. É certo de que jamais será visto um animal na condução de um veículo, como por exemplo: uma girafa ciclista, ou uma baleia ao volante, etc. Estes aspectos levam a uma reflexão. Qual o mecanismo de deslocamento que estes animais possuem, no qual a segurança parece estar em primeiro lugar? Há um código ou regra geral de circulação que todos seguem e obedecem, sem haver necessidade de sanções ou punições? O sentido de coletividade prevalece no grupo, não os interesses individuais.Basicamente, os animais, em geral, necessitam efetuar seus deslocamentos em função da própria sobrevivência da espécie e não em relação ao lazer, compras, compromissos sociais, etc. Não existem centros comerciais aos quais estes animais necessitem se deslocar para realizar seus desejos de consumo. Não há a obrigatoriedade de deslocamentos para os estudos, trabalho ou aquisição de bens. Em resumo, a visão de trânsito destes seres é bem diferente da ótica humana. Os grandes deslocamentos dos animais se dão em função dos movimentos migratórios e das mudanças climáticas, causadas principalmente pelo homem que devolve dejetos e resíduos produzidos ao meio ambiente na forma de restos industriais e lixo doméstico, principais poluidores e contaminadores dos solos, água e ar. O artigo 1º, § 5º do CTB – Lei 9.503/97 é bem aplicado por estes seres, ou seja, a prioridade das ações para a defesa da vida, a preservação da saúde e do meio-ambiente é seguida por todos, independentemente do status social, segmento ou porte. O homem evoluiu consideravelmente ao longo dos séculos, com suas invenções e descobertas. O uso da tecnologia tornou-se cada vez mais presente no cotidiano representando ganho na qualidade de vida, por exemplo, o telefone celular encurta distâncias, aproxima pessoas, reduz deslocamentos, gera emprego nas industrias. Entretanto, seu uso traz consigo outras preocupações; suas baterias poluem o meio ambiente, seus usuários fazem uso do telefone ao volante colocando em risco a sua vida e aos demais usuários da via, o barulho de determinados sons dos celulares incomoda as pessoas e produze poluição sonora. Enfim, existem prós e contras. O comportamento é o aspecto mais relevante nestes deslocamentos dos seres vivos. Ele é bem diferente quando comparados homens e animais. Para os animais, há uma consciência de grupo bem clara, definida e praticada por todos seus membros. No entanto, para os humanos impera a individualidade sobre o coletivo, trazendo prejuízo a toda a sociedade. O comportamento humano é de grande importância, tendo em vista que o homem é capaz de tomar as decisões e rumos de um sistema. Com seus desejos, necessidades, medo, anseios, frustrações, enfim, uma série de emoções e sentimentos mais sua interação na sociedade pelos seus inter-relacionamentos pessoais configura-se como o elemento influenciador deste sistema, sendo o sujeito da ação e reação. A raiz de toda a problemática do trânsito advém dos maus comportamentos de alguns indivíduos que querem levar vantagem sobre os outros, resultando com isso em prejuízos para todos. Enquanto existirem pessoas que se julgam “espertas” no mundo, será difícil mudar e solucionar os conflitos nas vias. O foco está no comportamento do ser humano e devem ser combatidos aqueles comportamentos que não se ajustam às regras de circulação e conduta, privilegiando aqueles que procuram cumprir as regras de boa convivência na sociedade.


(Adaptado do texto de: Marco Aurélio Lima - Agente de Trânsito da Prefeitura de São Sebastião/Imagem de: Sérgio Bastos)